sexta-feira, 21 de abril de 2017

O CONTO FANTÁSTICO

Ao falarmos sobre conto, logo nos reportamos com a ideia de um texto narrativo no qual predomina todos os elementos ligados a esta tipologia textual, isto é, Tempo, Espaço, Narrador, Personagens e Enredo.

Das narrativas orais dos antigos povos até a publicação em livros na realidade atual, da narrativa popular literária, o conto se aperfeiçoou muito, resultando em diversas classificações.


Desta forma, é comum encontrarmos antologias que reúnem os contos por:
- nacionalidade: Conto russo, brasileiro;
- por temas: Contos maravilhosos, fantásticos, de terror, de mistério, de ficção científica, dentre outros;
- e também por outras classificações: Conto moderno, contemporâneo, etc.

No campo das artes, mais especificamente na Literatura, os artistas estão sempre empenhados em renovar suas formas de expressão, e em função disso, quebram certas convenções do gênero que utilizam.

De modo convencional, o conto se estrutura dos seguintes elementos: Apresentação, Complicação, Clímax e Desfecho. 

Modernamente, os contos tornaram-se mais concentrados, apoiando-se em técnicas inovadoras, como é o caso do flashback e o tempo psicológico, onde este determina o tempo ligado às emoções, às recordações vividas pelos personagens, e aquele é um recurso de voltar ao passado, uma espécie de enredo não linear.


Entre os principais contistas da atualidade cita-se: Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Ignácio de Loyola Brandão, Ricardo Ramos e Sérgio Santana. 


Vejamos agora um conto de Dalton Trevisan, intitulado “Apelo”: 

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.

Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor. 


Dando ênfase ao conto fantástico, o mesmo teve sua origem no século XVII. Entretanto, nas décadas de 1970-80, teve um surpreendente florescimento nos países latino-americanos, como o Brasil, que vivia um período de grande repressão política, censura e repressão em decorrência da Ditadura Militar.

De acordo com a ideologia dos escritores da época, a atmosfera ilógica e absurda de suas obras, era um meio de denunciar a realidade opressiva e incoerente em que viviam.
Entre os destaques estão: Julio Cortázar, Gabriel García Márquez, Murilo Rubião, José J. Veiga e outros.


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